Eu preciso gritar, preciso romper, preciso quebrar.
O quê (ou com quê) não sei, e isso me atrasa, pois perco tempo tentando achar algo para desestruturar, para subverter.
Saio de casa, vou morar só, já não agüento mais a minha mãe me tratando como uma criança! Que saco! Sinto uma sensação constante de angústia.
Agora sim! Estou fora de casa, no meu espaço, que é só meu! Tô feliz nesse lugar... e essas paredes tão próximas... me sufocando... ai, ai, preciso gritar.
Vou gritar: AHHHHHHHHHHH...
Nossa, minha garganta está doendo, e cadê a minha mãe, eu preciso que ela me dê remédio pra parar a dor que tô sentindo, vou ligar pra ela. Ah, mas não vou conseguir falar com a garganta neste estado. Melhor ir pra casa, pra MINHA CASA!
Bom, acho que devo apenas romper, subverter, quebrar, mas gritar não, não mesmo!
* * *
- Mããããe...
- Oi meu filho?
- Minha garganta tá dueno.
- Só um instante meu filho. Vá pra sua cama que eu vou levar um remedinho pra você.
- Tá bom. Mãe...
- Oi filhinho?
- Te amo!
- Eu sei bebê, eu sei. Também te amo!