sábado, 16 de fevereiro de 2008

E eu não fico sozinho

Se eu fosse um pássaro, procuraria não voar horas inteiras pelo firmamento, só as precisas, porque eu gostaria mais de ficar na tranqüilidade do meu ninho pra escutar o que você diz através do vento que passa pela folhagem.

Se eu fosse um cantor, procuraria não cantar pra você frente à platéia noite pós noite, só as precisas, porque eu gostaria mais de ficar na minha casa e calar, solfejar os tons e calar, e só lhe cantar, sentado no chão, as canções que você fez pra mim.

Se eu fosse uma criança, procuraria não ir pela rua todas as semanas brincando com as outras crianças, só as precisas, porque eu gostaria mais de ir sozinho procurando os insetos de ninguém, para lhes encontrar e abraçar como você fez comigo.

Se eu fosse você e você fosse eu, lhe ensinaria a fazer seu ninho, lhe ensinaria a cantar-me e lhe ensinaria a procurar e abraçar, como você fez comigo.

Mas, se eu fosse eu, e você, você, eu não seria um pássaro, nem um cantor, nem uma criança; então não haveria ninho, nem canções, nem ruas, só as precisas, porque você é você e eu sou eu...

mas contigo.



Luis Eduardo Ôrtibu
Guadalajara - México

9 comentários:

Ôrtibu disse...

Danilo:
Muito obrigado por me permitir invadir o espaço de vocês.
Saudações cordiais a todos de México.
Ôrtibu

Danilo Maia disse...

Ô, Ôrtibu, não precisa agradecer, pois o seu texto é muito bonito!!

Ah, eu achei super legal você escrevê-lo em Português!! Muita honra!! :)



Para os demais leitores, eu esqueci de fazer uma observação: Esse texto foi escrito por Luis Eduardo Ôrtibu, de Guadalajara - México.

Renato Alt disse...

Cheguei ao seu espaço através de uma amiga em comum, do Guindaste. Meus sinceros parabéns pela beleza do que escreve.
Abraços.

Rackel disse...

'mas contigo (...)'?!?!? parece q está faltando um pedaço...

esse texto é tão bonito, merece uma continuação!

=)

Danilo Maia disse...

"... eu sou eu...
mas contigo."

Ou seja, "ele é ele", porém, é ligado a ela [a pessoa amada].


Mas se 'cê acha que merece uma continuação, crie a continuação. Essa é a maravilha das palavras, elas não são estáticas, apaesar de aparecerem "paradas" sobre o papel ou outra mídia, não é?! rsrs


'Brigado pela visita, Rackel, e volte sempre!!

Abração!

Rackel disse...

Desculpa... mas eu li novamente e ainda não consegui entender esse final.

E agora fiquei com uma duvida ainda maior: É 'mas contigo' ou 'mais contigo'?!?

¬¬

bj

Paulo Maia disse...

Rackel, se trata do "amante" falando para a amada... por ela ele faria tudo que pudesse... o tempo todo ele repete "se eu fosse...", ao final, ele se compara à amada, mas em seguida delimita a diferenca importante entre eles. No entanto, apesar da diferenca, ele continua sendo ele mesmo, mas nao sozinho, e sim com ele ("mas contigo")

Ôrtibu disse...

(O autor do texto vai dar uma explicação, mas agora, em sua língua)

Rackel, qué tal?
Me alegra que mi poema te guste a pesar de las dudas que tienes por el final.

Con respecto a tu última duda, el final esta bien escrito, es "mas contigo" y no "mais contigo".

Voy a decir el final de distintas formas, tratando de no cambiar la esencia del poema:

- Yo soy yo, pero contigo;
- Yo soy yo, pero solamente contigo;
- Yo soy yo, sí, y sólo si tú estas conmigo (Si tú no estas conmigo, yo no puedo ser yo).

Ahora, si quieres una continuación al poema, intenta leer al final el título:

"...então não haveria ninho, nem canções, nem ruas, só as precisas, porque você é você e eu sou eu...
mas contigo, e asim eu não fico sozinho" [y nunca dejo de ser yo].

Entonces: Yo soy yo, pero no en soledad, soy yo con ella y gracias a ella; por eso digo "mas contigo".

Reconozco que es complicado, y confieso que tenía la misma duda que tú cuando hize el poema, por eso que deje de escribir, dando un final interrumpido y colocando un título que resolviera el problema.

O observador, sempre afeta na realidade que mira somente por o fato de olhar. Neste caso, você faz isso no meu poema. Seria muito legal si você escreve a continuação que você precisa, porque agora não é meu poema, agora é de você. Obrigado por fazê-lo seu.

Ôrtibu disse...
Este comentário foi removido pelo autor.