"Cada era que atravesso mais enterram-se meus alicerces e descem meus pisos com suas pilastras, assim diminuo tal qual os homens quando envelhecem."
A peculiar visão de uma casa que, desde a sua criação até o fim dos seus dias, assistiu tudo o que aconteceu dentro de seus cômodos, resume a história do livro "A Casa" de Natércia Campos.
Acontecimentos que ela resolve nos contar, talvez, para expiar o seu pecado. Pecado de ver e nada fazer. Assistiu calada, os gestos, vícios, virtudes e crimes se repetindo em cada geração que lhe habitou. Nos mostrando o quanto o tempo pode ser comparado a um velho esquecido, pois permite que certas coisas aconteçam novamente.
Ao lermos essa envolvente história, nos colocamos no lugar da casa e sentimos a sua onisciência e solidão, pois, apesar de possuir tanta vida dentro de si, tem por amigo, apenas o vento que lhe conta o que acontece pelo mundo.
Uma testemunha secular de brigas, segredos, dores e silêncio.
"E como encontraram,
Tal qual encontrei;
Assim me contaram,
Assim vos contei!"
Tal qual encontrei;
Assim me contaram,
Assim vos contei!"
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